
Tautocronia Entrevista: Marcião Pignatari e os Takueus — Blues, Afeto e Respostas Improváveis
Direto de Osasco/SP, a banda Marcião Pignatari e Os Takeus invadiu o Tautocronia #135 para uma entrevista repleta de histórias, influências musicais e muita irreverência. Com uma sonoridade que mistura blues, rock and roll e ritmos latinos, o quarteto paulista compartilhou sua trajetória, inspirações e projetos — com direito às tradicionais brincadeiras do programa.
🎸 Entrevista Exclusiva com Marcião Pignatari e Os Takeus 🎸
No programa transmitido pela Rádio Putzgrila, Rádio Interessante e canal do Rock na Ativa no YouTube, Patrícia Shaki e Márcio Dias receberam os integrantes da banda com o clima descontraído que é marca registrada do Tautocronia.
🎤 Shaki na Ativa
Patrícia Shaki: Marcião Pignatari de Osasco, São Paulo, formado no Conservatório Musical Vila Lobos em guitarra, também é cantor e compositor. Sua música é uma mistura de blues, rock and roll, ritmos latinos e músicas populares interpretadas com um estilo muito pessoal. Então eu lhe pergunto, Marcião, quem são os Takeus, qual a formação e o porquê deste nome?
Marcião: Bom, eu sou o Marcião Pignatari, esse é o Cláudio Basco, esse aqui é o Gerscel Rodriguez e esse é o Leandro Renicova, o Chicão. Então é guitarra, guitarra, baixo e bateria.
Márcio Dias: E o porquê dos Takeus?
Marcião: Isso aí é o seguinte: meu pai, meu amado pai que já está na espiritualidade, ele tinha essa brincadeira com a gente. Quando ele encontrava um amigo muito querido, ele falava “takeu” e abraçava o cara. E eu demorei para entender que ele falava era “tá que o pariu”. Aí quando eu aprendi isso, a gente ficava brincando muito com isso. E eu trouxe essa homenagem ao meu pai, o velho Igor. O Gerscel conviveu muito com ele, sabe que era um cara espetacular. Era não, é, onde quer que ele esteja, ele continua sendo. Então é uma homenagem ao meu pai.
Patrícia Shaki: O seu público ele conhece bem por suas apresentações com características sempre vigorosas e bem humoradas, né? Podemos dizer que esse é o seu diferencial?
Marcião: É que é o seguinte, né? A gente tem prazer no que a gente faz, a gente tem alegria quando a gente vai tocar. Eu costumo dizer o seguinte: a nossa parada aqui é a mesma parada de quem é fanático por pescaria. O que a gente se amarra é juntar os amigos, castralha e subir na van. E aonde for parar a van não interessa. Eu quero estar na van. E se vai ter peixe, se não vai ter peixe, isso é outra conversa. Mas entre nós, o dia a dia, o ter o que fazer, o assumir como uma filosofia de vida, a expressão artística do Blues e do rock and roll nos faz caminhar e a gente faz isso com muito prazer. Então os nossos shows não são… eu não tô lá para ser o Jimmy Hendricks de Osasco, o Eric Clapton da Barra Funda ou o Steve Ray Vaughan de Barueri. Não é isso aí. O nosso barato é se divertir, desenvolver a nossa arte, desafiar a nossa capacidade como músicos e conhecer gente, conhecer lugares, ter a experiência de ver nosso som ser projetado em diversos lugares. Tudo isso nos traz prazer e alegria. Saúde, vamos molhar as palavras! É prazer de vida, celebrando a vida o tempo inteiro. Eu creio que isso é uma atitude rock and roll.
Patrícia Shaki: E você ao longo de mais de 30 anos de carreira é, digamos assim, um defensor da música autoral e prova isso com seus shows quando até em músicas covers são sempre com sua sonoridade e estilo que chegam a confundir o público. Isso é um fato?
Marcião: Ah, sem dúvida. Eu às vezes toco músicas do popular brasileiro, né, e as pessoas chegam e falam: “Pô, essa música sua é muito legal”. Eu falei: “Pô, cara, essa música não é minha, cara”. Eu toco há muitos anos, por exemplo, uma música de uma banda chamada Coqueluche, que foi uma banda de rockabilly aqui de São Paulo maravilhosa. Então a gente faz, eu fiz uma versão por muitos anos, décadas isso, e eu toco e a galera chega e fala: “Ô, essa música sua aí do INPS aí é legal pra caramba”. Tem que explicar: “Não, cara, não é minha”. Agora, eu sou defensor da música autoral porque o artista… você tem a pessoa, o músico que é envolvido com entretenimento, que é legal, eu curto, eu vou ver uma banda cover, me divirto, acho legal, acho bonito, tá tudo certo. Mas ele é um artista de entretenimento. O artista voltado à criação, o artista, não vou dizer de verdade, mas o que expressa a palavra arte mesmo é o que cria, não o que copia. Então se a gente parar de compor, a arte vai acabar, né? E o que difere a gente, talvez o ponto principal que diverge a gente dos animais irracionais ou das outras espécies animais, é o fato que nós podemos criar, nós sabemos colocar nossa subjetividade para fora claramente através das artes. Então a evolução da humanidade tá diretamente ligada a isso. Se você cortar isso aí, a gente começa a voltar a fazer o caminho contrário. Daqui a pouco a gente tá nas cavernas de novo.
Patrícia Shaki: Como que é o processo criativo de vocês? É baseado no rock and roll lifestyle mesmo?
Marcião: A gente segue a filosofia ou modo, vamos dizer, o modo do blues. Não existe cover, né, essas questões de versão. Então a nossa interpretação, quando eu toco música de alguém, eu não vou mudar meu overdrive, meu amplificador para parecer o som do cara. Eu tenho o meu som na cabeça, o meu timbre, o amplificador que eu uso, os efeitos e pedais, a guitarra que eu uso. E aí nessa parada a gente tenta fazer referência do universo que a gente curte. Que nem nessa música aí, nós amamos Tim Maia, mas nós amamos Jimmy Hendrix e amamos Black Sabbath também. Só que eu não vou querer parecer com o Tony Iommi, né, isso é uma coisa ridícula, né, desculpa. Banda cover é outra coisa, mas eu faço o riff do Tony Iommi ou algo que remeta o Black Sabbath, que são referências para nós, mas com a nossa sonoridade. E com relação à composição autoral, eu sou um cara que busca a transcendência, não de circunstância temporal. Eu quero sempre escrever e musicar os poemas que eu venho a escrever com algo que esteja fora de uma característica temporal ou que seja escravo de uma filosofia ou de um segmento social X Y. Eu busco a transcendência de sentimentos, o universo subjetivo e a minha maneira de ver certas situações. Eu acho que a poesia é muito importante, expressar situações que sejam comuns a todos os seres, que aí se atinge a alma da pessoa. Talvez eu consiga com um sentimento ou uma situação que eu venha a passar, tocar a alma das outras pessoas. Porque na verdade a gente é tudo igual, né, o ser humano reage igual às coisas. E às vezes com uma letra que você solucionou ou chegou a uma conclusão de uma adversidade da vida, você ajuda as pessoas, você acalenta, alivia o sofrimento, dá uma direção ou pelo menos convida: “Cara, vem andar comigo aqui, ó. Eu resolvi esse assunto desse jeito. De repente você pode resolver assim também, sei lá”. A música é uma arte muito profunda, muito profusa, né, ela atinge vários setores da existência humana.
Márcio Dias: Qual que é o objetivo da banda? Tá mais voltado para shows, para gravar os novos sons, ou para quê?
Marcião: Em primeiro lugar, eu quero dizer que eu preciso esvaziar minha cabeça, minha mente. Eu tenho que escrever, eu tenho que criar, porque isso vira um pesadelo na minha cabeça. O som fica, as palavras ficam. Enquanto eu não escrever, não colocar, não gravar aquilo, não começar a materializar essa subjetividade que fica me atormentando, é um tormento para mim, eu não fico bem. Então tem esse lado aí que é uma coisa que é o tempo inteiro dentro de mim: novos sons, novas ideias, novos sentimentos que eu quero expressar. Então eu preciso disso. É uma necessidade espiritual, não religiosa, espiritual, que vem da minha subjetividade. Eu preciso me expressar. Agora, eu quero tornar isso uma coisa positiva. Aí entra isso que eu acabei de falar. Eu prefiro manter essa bandeira quixotesca, que eu creio que era o que falava Hendrix, é o que fala Carlos Santana, outros grandes músicos como Joe Cocker, que fala isso claramente: a música é uma medicina. Então eu quero continuar com esse pensamento. Por mais bagunceiro que a gente seja, tirador de sarro, mas é exatamente isso. A gente fica feliz quando a gente consegue quebrar nas pessoas que estão próximos da gente, quebrar os paradigmas daquela vida estressante do dia a dia e conseguir fazer com que a pessoa veja a vida de uma maneira um pouco mais diferente, mais leve. “Calma aí, brother, vida não é só dinheiro, trabalho, escravidão. Você pode bater asa e dar uma voadinha de vez em quando, meu brother”. Então eu tenho, nós, né, eu incluo a banda porque eles me apoiam e vão justamente nesse sentido, colocar essa questão. Por mais que as pessoas dizem: “Ah, isso é bobagem, cada um no seu rolê”. O meu rolê é esse aí. A música é uma medicina. E eu quero levar a minha medicina, seja ela um analgésico, seja ela um curativo, para o maior número de pessoas possíveis. É isso que eu desejo na vida.
Patrícia Shaki: Para finalizar as perguntas, antes das piadinhas toscas da Shaki, quais são os projetos futuros da banda?
Marcião: Tocar. Mais um CD. Tocar, levar a nossa medicina pro maior número de pessoas. Tocar, tocar, e daqui pro ano que vem, provavelmente mais um CD de músicas autorais.
😂 Piadas Toscas da Shaki
Patrícia Shaki: Meus queridos Marcião, agora é um momento assim que eu vou fazer as piadinhas toscas da Shaki, que é o momento em que eu vou lhes fazer cinco perguntinhas com três opções de respostas que não tem pé nem cabeça. Vocês simplesmente têm que responder rápido, tá bom? Como vocês estão em quatro pessoas, eu vou fazer uma pergunta para cada um e a última daí vocês repetem aí um de vocês, tá bom?
Marcião: Tá bom.
Patrícia Shaki: Começa lá pelo Chicão aí. O que que vai ter nessas perguntas: vai ter uma relação com o nome da música de vocês em algum momento, ou na pergunta ou nas respostas, tá legal? Vocês não precisam responder, não existe resposta certa ou errada. Vocês só precisam responder rápido. Lembrando que não tem pé nem cabeça. E hoje eu tô na maldade, hoje eu tô…
Patrícia Shaki: Primeira pergunta para o Chicão: Como sei que estou pronto para a viagem?
- A) Quando as malas já estão arrumadas
- B) Quando digo “sim, estou pronto”
- C) Quando já tomei o chá do santo daime
Chicão: Ah, nasci preparado, rapaz!, Opção B.
Patrícia Shaki: Segunda pergunta para o Gerscel: Um tempo bom é aquele…
- A) Que não volta nunca mais
- B) Das festas dedicadas ao deus Baco, vulgo bacanais
- C) Aquele do Michael Jackson
Gerscel: Putz, acho que aquele do Michael Jackson.
Patrícia Shaki: Terceira pergunta para o Marcião: O que desejo que não me peça?
- A) Dinheiro emprestado
- B) Minha mulher ou carro emprestado, nem pensar
- C) Para participar de uma orgia com o Kid Bengala junto
Marcião: Olha, o Kid Bengala anda com cada gata, mas só não me peça o carro e a mulher emprestada, o resto a gente… a gente arruma.
🎵 Encerramento
Marcião: Agradecemos muito a oportunidade. Sigam a gente nas redes sociais como @marciaopignatari e @marciaoeostakeus no Instagram, YouTube e Spotify. Nosso EP está disponível em todas as plataformas digitais e vem mais coisa por aí. Estamos compondo e logo teremos um álbum completo.
📺 Assista à Entrevista Completa
Confira a entrevista completa no vídeo abaixo:
📋 Serviço
- Programa: Tautocronia
- Transmissão: Rádio Interessante, canal do YouTube do Coletivo Rock na Ativa e Rádio Putzgrila
- Dia e Horário: Toda sexta-feira, a partir das 22:15h
- Site: rocknaativa.com.br
- Redes sociais: Procure por “Tautocronia Rock na Ativa” no YouTube, Facebook e Instagram
📱 Redes sociais da banda
- Instagram: @marciaopignatari e @marciaoeostakeus
- YouTube: youtube.com/@marciaopignatarioficial
- Site: marciao.com
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